Santa Filomena em Portugal

NOVENA A SANTO ONOFRE

Festa litúrgica a 12 de junho

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NOVENA A SANTO ONOFRE

Festa litúrgica a 12 de junho

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Para todos os dias

Pelo sinal  ✞  da Santa Cruz, livre-nos Deus  ✞  nosso Senhor, dos nossos  ✞  inimigos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amem.

Oração ao Divino Espírito Santo

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor.
V/. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R/. E renovareis a face da terra.


Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos, segundo o mesmo Espírito, conhecer as coisas retas e gozar sempre das Suas consolações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amem.

Ato de Contrição

Meu Deus, de todo o coração me arrependo dos meus pecados; odeio-os e detesto-os porque ofendem a vossa infinita Majestade e são causa da morte do vosso Divino Filho, Jesus Cristo, e da minha ruína espiritual. Proponho nunca mais cometê-los no futuro e fugir sempre das ocasiões de pecar. Senhor, tende misericórdia e perdoai-me.

Bênção de Santo Onofre

“Querido irmão, o Senhor meu Deus te proteja, que Ele te abençoe e te confirme no Seu amor, e ilumine os teus olhos para que vejas a Sua bondade. Que Ele te livre de todos os enganos e assaltos do diabo, e conclua em ti o bom trabalho que já começou. Que os Seus anjos te suportem no terrível dia do Senhor”.

Oração a Santo Onofre

Santo Onofre, Deus chamou-te a ser eremita na solidão do deserto; respondeste com fidelidade: a vida toda entregaste à penitência e à oração. Pela tua obediência, castidade e confiança na Divina Providência, foi grande a tua recompensa: na Sua misericórdia, Deus prometeu conceder muitas graças a todos os que lhas pedirem por tua intercessão; e concedeu-te a glória do Seu Reino. Nesta novena, Santo Onofre, peço-te sucesso nos negócios, nos meus empreendimentos e na vida profissional (pode especificar-se a graça que se pretende alcançar…), de forma a que não me o falte dinheiro que me permita levar uma vida modesta, mas tranquila, e ajudar os pobres e a Igreja, no apostolado e na caridade. Sobretudo, grande intercessor, peço-te que me ajudes a alcançar um tesouro no Céu, numa eternidade feliz. Amem.

Ladainha de Santo Onofre

Senhor, tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós,
Cristo, tende piedade de nós,
Cristo, tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós,

Cristo, ouvi-nos, Cristo, ouvi-nos,
Cristo, atendei-nos, Cristo, atendei-nos,

Pai do Céu, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Santo Onofre, servo de Deus e dos santos padres,
Santo Onofre, filho querido de Maria,
Santo Onofre, que procuraste a identificação com Jesus, para seres digno da Mãe que Ele nos deu do alto da Cruz,
Santo Onofre, liberto do fogo por um anjo,
Santo Onofre, confiado aos monges desde terra idade,
Santo Onofre, alimentado pela Mãe de Jesus,
Santo Onofre, cheio de graça e de sabedoria,
Santo Onofre, recompensado pelo Menino Jesus com a multiplicação dos pães,
Santo Onofre, conduzido ao deserto por um anjo,
Santo Onofre que seguistes Jesus e O servistes,
Santo Onofre, chamado ao deserto como Elias e João Batista,
Santo Onofre, providencialmente alimentado no deserto,
Santo Onofre, que durante 60 anos comungastes das mãos de um anjo,
Santo Onofre, que ao partistes para o Céu acompanhado pelo cântico dos anjos,
Santo Onofre, modelo e protetor dos eremitas,
Santo Onofre, poderoso intercessor junto de Deus,
Santo Onofre, instrumento dos chamamentos de Deus,
Santo Onofre, peregrino dos Lugares Santos,
Santo Onofre, patrono dos tecelões,
Santo Onofre, auxílio dos desempregados,
Santo Onofre, que nos alcançais os bens materiais aqui na terra e um tesouro no Céu,

rogai por nós


Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor!

Oração: Oh Deus, que que nos dais no eremita Santo Onofre um extraordinário exemplo de radicalidade evangélica, concedei-nos, por sua intercessão e com o auxílio dos santos Anjos, que um dia nos sentemos à mesa do Reino no vosso Monte Santo. P.N.S.J. Amem.

1º Dia: Santo Onofre e o Anjo do Senhor icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Eis que envio um anjo à tua frente, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para ti. Respeita a sua presença e observa a sua voz, e não lhe sejas rebelde, porque não perdoará a tua transgressão, pois nele está o Meu Nome» (Ex 23, 20-21).

Estamos por volta do ano 320, no Egito. Um casal de sangue real, experimentava o opróbrio da esterilidade. A idade ia avançando e já tinham perdido a esperança de ter filhos. Contra toda a esperança, a mulher engravidou. O diabo meteu-se no assunto e fez aquilo que tanto gosta… mentiu! Convenceu o marido que a criança que ia nascer fora concebida numa relação adúltera de sua mulher, pelo que, logo que nascesse deveria ser lançada ao fogo.

Mal o bebé foi dado à luz, lançaram-no a uma fogueira. Porém, um anjo susteve o arremesso, e a criança salvou-se. O anjo entregou-a aos pais e mandou que fossem batizados e consagrassem a Deus o seu filho, o que veio a acontecer no Mosteiro Tebas. Os próprios monges se encarregaram da iniciação cristã dos pais de Onofre, cujo nome havia também sido indicado pelo anjo. Onofre, que significa “perfeito”, “aquele que é bom” e ainda “o que está sempre feliz, satisfeito”, permaneceu no Mosteiro para que fosse educado na fé.

Há duas tradições que se cruzam: uma refere que uma corsa branca todos os dias descia dos montes para amamentar o menino; outra, mais piedosa, garante que a Santíssima Virgem o alimentava como se fosse o Menino Jesus.

Certa vez, Onofre, pensando ingenuamente que a imagem do Menino Jesus passava fome, partilhou com Ele o seu pão. O Menino Jesus retribui o gesto de Onofre dando-lhe tantos pães que tiveram de ser mobilizados os 100 monges do Mosteiro, para os distribuírem pelos pobres da região.

Onofre era já um jovem anos quando, atendendo à sua santidade e sabedoria, o Abade do Mosteiro decidiu nomeá-lo seu sucessor. Porém, por não ser essa a vontade de Deus, um anjo o arrebatou para o deserto.

Oremos: Santo Onofre, por um anjo arrebatado das garras do diabo, o mesmo anjo que vos deu o nome, vos conduziu ao Mosteiro e vos transportou ao deserto, ensina-nos a viver na presença do nosso anjo da guarda e a ser dóceis aos seus ensinamentos. Amem.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

2º Dia: O mentiroso reage ao nascimento de Onofre icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Sede sóbrios e estai vigilantes: o vosso inimigo, o demónio, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé» (1 Pedro 5, 8-9).

O diabo faz aquilo de que tanto gosta… mentiu! Convenceu o pai que a criança que ia nascer fora concebida numa relação adúltera de sua mulher, pelo que, logo que nascesse deveria ser lançada ao fogo. E assim aconteceu. Mal o bebé foi dado à luz, lançaram-no ao fogo. Porém, um anjo susteve o arremesso, e a criança salvou-se.

Em muitas ocasiões, o Papa Francisco nos tem alertado para as armadilhas do diabo. “Fizeram crer a esta geração que o diabo era um mito, uma figura, uma ideia, ideia do mal, mas o diabo existe e nós temos de lutar contra ele!” “O diabo é mentiroso, é o pai dos mentirosos, o pai da mentira”, afirmou. “O diabo semeia ciúmes, ambições, ideias, mas para dividir! Semeia também a inveja e a cobiça”. Noutra ocasião, afirmou: O diabo “é um mentiroso, mais: é o pai da mentira, gera mentiras, é um impostor. Leva a crer que se comes a maçã, serás como Deus. Assim como o diabo te vende tantas mentiras e enganos, tu, seduzido, as compras… engana-te e arruína tua vida” […] “Jesus ensina-nos a não dialogar nunca com o diabo. Com o diabo não se dialoga. Como fazia Jesus? Expulsava-o”. “Com Satanás não se pode dialogar. Porque se começas a dialogar com Satanás, estás perdido. Ele é mais inteligente do que nós. Ele baralha-te, dá-te a volta à cabeça e tu estás perdido”.

Oremos: Santo Onofre, bem cedo fostes vítima das mentiras e da divisão que o demónio espalha à sua volta; sinto-o rugindo à minha volta, esperando o momento oportuno para atacar. Intercedei por mim para que eu resista firme na fé. Amem.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

3º Dia: Deus paga a cem por um icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Quando o Filho do Homem se sentar no Seu trono de glória, vós, que Me seguistes, sentar-vos-eis em doze tronos para julgardes as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terra por causa do Meu Nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19, 28-29).

Certa vez, Onofre, pensando ingenuamente que a imagem do Menino Jesus passava fome, partilhou com Ele o seu pão. O Menino Jesus retribui o gesto de Onofre dando-lhe tantos pães que tiveram de ser mobilizados os 100 monges do Mosteiro, para os distribuírem pelos pobres da região.

Extraordinária a resposta de Jesus ao pequeno e ternurento gesto de Onofre. Porém, o mais importante não é receber de Deus o cêntuplo daquilo que se dá – ou se restitui, já que aquilo, pouco ou muito que damos, o recebemos de Deus. A vida eterna que, segundo a promessa de Jesus, se acrescenta ao cêntuplo é, verdadeiramente, o importante.

Mais tarde, Onofre não dá apenas o seu pão ao Menino Jesus… Quando percebe que Jesus o chama a um seguimento radical, Onofre oferece-se a si próprio. Mas precisaria Jesus que Onofre O seguisse? Ele chama-nos ao Seu seguimento para nos dar a Salvação. Deus faz maravilhas na vida daqueles que O servem porque O servem; e aos que O seguem, porque O seguem. Porém, daqueles que O servem ou O seguem, deles não recebe benefício algum, pois Deus é Perfeito e não necessita de coisa alguma.

Se Deus quer precisar da nossa colaboração é para poder distribuir bênçãos, graças, misericórdia aos que, como Onofre, O servem e O seguem. Deus é Deus, não precisa de nada. O homem, sim, precisa da comunhão com Deus. Por isso, a recompensa do homem está em perseverar no serviço de Deus.

Oremos: Santo Onofre que oferecestes o que tínheis a Jesus, a Ele vos oferecestes por inteiro, e toda a vida perseverastes na comunhão de vida com Ele; intercedei por mim, para que, amando-O, servindo-O e seguindo-O, alcance a vida eterna. Amem.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

4º Dia: «Mulher, eis aí o teu filho» icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Junto à Cruz de Jesus estavam Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver Sua Mãe e, junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a Sua Mãe: “Mulher, eis aí o Teu filho. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe”. E, desde aquela hora, O discípulo recebeu-A em sua casa» (Jo19, 25-27).

Os pais de Onofre - Onofre, nome que significa “perfeito”, “aquele que é bom” e ainda “o que está sempre feliz, satisfeito”, entregaram-no, com poucos meses de idade, aos cuidados os monges dos Mosteiro de Tebas para que fosse educado e seguisse Jesus. Uma tradição refere que a Santíssima Virgem o alimentava como se ele fosse o Menino Jesus.

Ó Mãe admirável! “Mulher, eis aí o Teu filho”… Jesus, olhando para Sua Mãe, disse estas palavras, indicando São João e, nele, a todos nós. Que bela herança Jesus Lhe deixa... Que carga tão pesada!... Para ser a Mãe de Deus, Deus pediu-lhe consentimento. Jesus, agora, não Lhe pergunta se quer ser ou não nossa Mãe. Conhece o coração da Mãe e isso Lhe basta para não hesitar em carregar sobre Ela este peso de ser Mãe de tantos pecadores.

Aquilo que têm de penoso para Maria as palavras do “testamento da Cruz”, têm de consolador para nós as palavras, logo a seguir, dirigidas a João: “Eis aí a tua Mãe”. Já temos Mãe, e que Mãe! E para sempre, sem que ninguém no-la possa tirar!

Onofre experimentou bem cedo o que significa ser filho de Maria. E ao longo de toda a sua vida procurou ser filho de Maria a sério, procurando ser parecido a Jesus, para ser digno de uma tal Mãe.

Oremos: Santo Onofre, intercedei por mim para que, com humildade, eu saiba pedir perdão das vezes que não fui digno desta Mãe que Jesus nos deu; pedi a Maria que, tal como aconteceu convosco, venha em meu auxílio nas minhas necessidades. Amem.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

5º Dia – Deus revela a Onofre a sua vocação icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Tudo o que o Pai me dá virá a Mim; e eu não repelirei aquele que vem a Mim, porque desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, o não atrair; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 37.44).

Chamo-me Onofre e vivo no deserto há mais de 60 anos. Quando era um jovem monge em Tebas, onde vivia em comunidade com outros monges, verdadeiros irmãos que nos suportávamos uns aos outros, fui, apesar disso, sentindo um apelo cada vez maior a viver como o profeta Elias ou João Batista, no deserto. Deus fez-me ver que alguns são chamados à solidão, a viver afastados do mundo, numa absoluta dependência da Divina Providência, e que era essa a minha vocação. Logo que percebi isso, não hesitei… pedi autorização ao Abade que me abençoou e deu quatro pães, saí do mosteiro e entrei no deserto transportado por um anjo.

Durante o dia o meu anjo da guarda me conduzia pela mão e, durante a noite, a sua luz me guiava. Animado por tão excelente companhia caminhei mais de 11 quilómetros, até chegar a uma gruta de onde saiu um venerável ancião que me disse: “Estava à tua espera, Onofre. Como vês, já sabia o teu nome; conheço os teus anseios e sei já o que o céu te reserva: persevera, pois, filho, no teu propósito e entra na minha gruta para aqui descansares alguns dias”. Onofre passou alguns dias com o ancião, que o instruiu nas regras de vida dos eremitas. Depois acompanhou-o durante quatro dias até encontrarem uma palmeira que suportava uma pequena cabana. O velho disse-lhe: "Este é o lugar que Deus te indica", e ficou trinta dias com Onofre, depois dos quais partiu para o seu eremitério, na gruta. Onofre, uma vez por ano saía para visitar seu mestre e aprender com seus sábios ensinamentos. Passados 30 anos morreu o seu mestre espiritual, a quem Onofre celebrou as exéquias e enterrou junto à gruta onde viveu.

De início sofri muito, especialmente com fome e sede. Deus recompensou a minha perseverança, passando a enviar-me um anjo que, todos os dias me trazia pão e água, e, uma vez por semana, a sagrada comunhão. Também a palmeira era instrumento da Divina Providência… todos os anos produzia cachos de doces tâmaras que me pareciam manjar do Céu.

Oremos: Santo Onofre, filho dileto do Deus Altíssimo, que realizastes a vocação à santidade na fidelidade à vida eremítica a que fostes chamado; intercedei por mim, para que eu persevere e seja fiel à minha própria vocação. Amem.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

6º Dia: Onofre, antes de ir para o Céu, dá a Pafúncio uma missão icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem quanto ao vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é o corpo mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento? Olhai para as aves do céu: Não semeiam nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis mãos do que elas. Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida»? (Mt 6, 25-27).

Aquilo que sabemos de Onofre, sabemo-lo através de um monge, de nome Pafúncio, do mesmo Mosteiro de onde Deus chamou o nosso santo a ser eremita. Para fazer uns dias de penitência, saiu do Mosteiro e penetrou no deserto. Numa ocasião, viu ao longe uma criatura que lhe pareceu ser um animal de duas patas, coberto de cabelo humano e cingido de folhas. A estranha criatura fez menção de avançar na sua direção, e Pafúncio fugiu espavorido, mas aquele de quem fugia gritou-lhe: "Segue-me, estou com Deus". Pafúncio ajoelhou-se a seus pés, mas o homem de Deus disse-lhe: "Levanta-te, meu filho, porque tu, como eu, que me chamo Onofre, também és servo de Deus e dos Santos Padres."

Onofre levou depois o visitante até ao local, junto da palmeira, onde tinha o seu eremitério. Ali encontraram um pão acabado de cozer e um cântaro de água fresquíssima. Ambos deram graças a Deus, comeram e dessedentaram. Terminada a refeição, oraram por longo tempo, até que adormeceram. Na manhã seguinte, Pafúncio reparou que Onofre estava muito pálido e fraco, ficando assustado. Onofre, disse-lhe: “Não temas, irmão, porque o Senhor, nosso Deus, te enviou ao meu encontro para que enterres o meu corpo, pois termino hoje a minha peregrinação e partirei para o lugar do meu descanso”.

Pafúncio manifestou o desejo de ficar ali, naquele eremitério, em lugar de Onofre, mas este não lho consentiu, pois não era essa a vontade de Deus, revelando-lhe de seguida a sua missão: “Quando regressares a Tebas, ao Mosteiro, narra aos monges tudo o que te disse e quantas maravilhas o Senhor fez na minha vida; pela Sua imensa misericórdia concederá muitas graças a todos os que lhas pedirem tomando-me por intercessor”. Onofre abençoou-o e entregou a alma ao Criador. Ouviram-se os cânticos dos anjos no silêncio do deserto, Pafúncio fez uma oração e enterrou o santo eremita. Nesse momento a palmeira secou e o rudimentar eremitério que ela suportava desabou. Foi no dia 12 de junho do Ano 400.

Oremos: Santo Onofre, iluminado pelo Espírito Santo indicastes ao monge Pafúncio qual a vontade de Deus a seu respeito; intercedei por mim, para que nas diversas circunstâncias da vida, eu queira sempre o que Deus quer de mim. Amem,

Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.

7º Dia: Santo Onofre, instrumento de Deus no discernimento vocacional icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Jesus voltou para a barca e o homem que fora possesso pediu-Lhe para ir com Ele. Não lho permitiu. Disse-lhe antes: “vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como Ele teve misericórdia de ti”. Ele retirou-se, começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos ficaram admirados» (Mc 5, 19-20).

Pafúncio manifestou o desejo de ficar ali, naquele eremitério, em lugar de Onofre, mas este não lho consentiu, pois não era essa a vontade de Deus. Emocionado com a grandeza e com a densidade daquele momento, Pafúncio reage emocionalmente… Por ele ficava já ali, naquele pobre eremitério suportado pela palmeira que, durante mais de sessenta anos foi morada daquele homem de Deus, Onofre. O episódio faz lembrar aquele do endemoninhado de Gerasa, a quem Jesus libertou de uma “legião” de demónios: queria ir com Jesus. Nem sempre o que nos pede o coração corresponde à vontade de Deus, por isso precisamos da ajuda de quem oriente a direção do nosso olhar.

Onofre, conduzido por um anjo ao deserto e, já no deserto, conduzido por um ancião ao eremitério, o mesmo que o iniciou nas regras dos Padres do Deserto, ajuda agora Pafúncio a perceber o que Deus queria da sua vida.

É verdade que Deus fez de Onofre um especial intercessor. De Deus alcança-nos tudo, até o vil dinheiro, esterco de satanás. O santo do sucesso nos negócios, nos empreendimentos em que nos metemos, que nos ajuda a triunfar na vida profissional e a conseguir bons empregos, ajuda-nos também, e é o que ele mais gosta, a sair vencedores com Cristo e a alcançar o Céu.

Oremos: Santo Onofre, que fostes fiel à vocação de Deus, realizastes a vocação à santidade e participais na glória de Deus, orientai o meu olhar e ajudai-me a renunciar ao meu querer, para querer sempre aquilo que Deus quer de mim e para mim. Amem.

Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.

8º Dia: Santo Onofre, poderoso intercessor icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«A uns, Cristo constituiu Apóstolos, a outros, profetas, a outros Evangelistas, Pastores e Doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo» (Ef 1,11-12).

Disse Onofre a Pafúncio: “Quando regressares a Tebas, ao Mosteiro, narra aos monges tudo o que te disse e quantas maravilhas o Senhor fez na minha vida; pela Sua imensa misericórdia concederá muitas graças a todos os que lhas pedirem tomando-me por intercessor”.

Pafúncio, conforme a missão que recebeu, deu a conhecer aos monges do Tebas, a vida de Onofre, mas também o poder da sua intercessão. Aqueles cenobitas tornaram-se os primeiros devotos de Santo Onofre e os primeiros arautos da sua santidade. O Espírito Santo fez o resto. Rapidamente se espalhou a fama taumatúrgica de Onofre, passando a celebrar-se a sua festa litúrgica a 12 de junho, tanto no Oriente como no Ocidente. O Martirológio Romano tem a seguinte referência: «No Egito, Santo Onofre, anacoreta, que passou sessenta anos de vida religiosa na amplidão do deserto».

Em muitos outros lugares, para além do Egito, se celebra e venera Santo Onofre. Assim: No Campo Santo, em Pisa, construído em torno de um pedaço do solo sagrado do Gólgota trazido para Itália pelos Cruzados, no século XII, existe um famoso afresco com a representação da vida de Santo Onofre; no Janículo, em Roma, a igreja Sant'Onofrio foi construída em sua homenagem, no século XV; num documento do século XII, o Arcebispo de Novgorod, testemunha a existência de uma relíquia de Santo Onofre na igreja de Santo Acindino, em Constantinopla; o Mosteiro de Santo Onofre, em Jerusalém, localizado perto do local onde, segundo a tradição Judas Iscariotes se enforcou, é também um testemunho antigo da devoção a santo. Onofre que, já eremita, terá peregrinado a Jerusalém, conservando-se no interior do Mosteiro, a gruta onde ele terá pernoitado; também o Mosteiro de Santo Onofre, na Polónia, construído no local que o próprio santo escolheu, aparecendo aos pescadores do rio Bug, a quem deixou um ícone com a sua representação; em Munique, na Alemanha, veneram-se relíquias de Santo Onofre. Portugal, Espanha, Venezuela, incluindo Caracas, o México e Cuba, a região do Caribe e a Colômbia, são apenas alguns dos países onde Santo Onofre é muito venerado.

Na arte, Onofre é representado como um velho eremita revestido de longos cabelos e barba, com uma tanga de folhas. Por vezes, surge representado com o anjo trazendo-lhe o pão quotidiano ou a Eucaristia. Muitas vezes tem a seus pés uma coroa e um cetro, símbolos da sua ascendência nobre, bem como, do mundo a que renunciou. A caveira e a cruz, elementos comuns na representação dos Padres do Deserto, também surgem nalgumas representações de Santo Onofre. Na Igreja do Santíssimo Sacramento, no coração da cidade de Lisboa, existe uma expressiva imagem de Santo Onofre, referência para muitos dos seus devotos que ali acorrem.

Oremos: Santo Onofre, poderoso intercessor, sois o patrono dos tecelões e dos tintureiros, são muitos os que a vós recorrem pedindo o sucesso nos seus negócios e empreendimentos; peço-vos a prosperidade nesta vida, mas, sobretudo, que me ajudeis a alcançar o Céu. Amem.

Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.

9º Dia: Santo Onofre e o dinheiro icon-mostrar-texto.png icon-ocultar-texto


«Eu digo-vos: arranjai amigos com o vil dinheiro para que, quando este faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos. Se não fostes fiéis no que toca ao vil dinheiro, quem vos há de confiar o verdadeiro bem? Servo algum pode servir a dois senhores; ou há de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 9.11a-12).

Será legítimo pedir a Santo Onofre que nos alcance o sucesso nos negócios? O cristão não pode ceder à tentação de idolatrar o dinheiro que, inevitavelmente, o levaria a tornar-se dependente de desejos insensatos e prejudiciais e, até mesmo, a atolar-se na ruína e na perdição. Com frequência o Papa Francisco nos alerta para o perigo das riquezas: “Há, entre Deus e o dinheiro, algo que não se harmoniza. A avareza é a raiz de todos os males. Subjugados pelo desejo, alguns desviaram-se da fé e encontraram muitos tormentos. É o poder do dinheiro que nos faz desviar da fé pura. Priva-nos da fé, debilita-a e acabamos por perdê-la».

Contudo, a procura de bons negócios que proporcionem lucros, às vezes avultados, não nos torna necessariamente escravos e idólatras do dinheiro. O dinheiro, “o esterco do diabo”, como diziam os primeiros Padres da Igreja, é necessário no nosso dia a dia. Quem pode viver sem dinheiro? Além disso, é utilíssimo em ordem à nossa salvação eterna se, com magnanimidade, o partilharmos com os pobres e o pusermos ao serviço da evangelização. Atualizando um célebre ensinamento de Santo Agostinho, poderíamos dizer que os pobres são como um cartão de crédito que nos permitem transferir dinheiro para uma poupança no céu.

Oremos: Santo Onofre que, no deserto, vivestes em estrita pobreza, peço-vos que me alcanceis a graça de viver livre da tentação de conseguir dinheiro por meios ilícitos e que afasteis de mim os pecados da ganância e da avareza; peço-vos também que intercedais por mim, para que não me falte dinheiro para as necessidades do dia-a-dia e para a partilha com os pobres e com a Igreja. Amem.

Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.


Cónego Armando Duarte
Basílica dos Mártires, Memória de São Filipe Neri 2021