NOVENA DE SANTA CECÍLIA
Festa litúrgica a 22 de novembro
Para todos os dias
Pelo sinal ✞ da Santa Cruz, livre-nos Deus ✞ nosso Senhor, dos nossos ✞ inimigos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amem.
Oração ao Divino Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor.
V/. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R/. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos, segundo o mesmo Espírito, conhecer as coisas retas e gozar sempre das Suas consolações.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amem.
Ato de Contrição
Meu Deus, de todo o coração me arrependo dos meus pecados; odeio-os e detesto-os porque ofendem a vossa infinita Majestade e são causa da morte do vosso Divino Filho, Jesus Cristo, e da minha ruína espiritual. Proponho nunca mais cometê-los no futuro e fugir sempre das ocasiões de pecar. Senhor, tende misericórdia e perdoai-me.
Oração a Santa Cecília
Santa Cecília, que entregaste a tua vida em sacrifício por amor a Cristo, confio na tua intercessão. Jesus atenderá as tuas súplicas. Pede a Jesus que me conceda esta graça: (mencionar o pedido).
Por Jesus Cristo, que encheu o teu coração de um amor puro e heroico, que te coroou com coroa do martírio, que permitiu que o teu corpo permanecesse incorrupto ao longo dos séculos e quis que o teu nome fosse recordado pela Igreja no próprio canon da santa missa, peço-te que intercedas por mim. Ensina-me a imitar a tua fé e o teu amor a Deus, e assim possa ser capaz de tar testemunho da minha fé católica. Que pela tua intercessão alcance o céu e aí louve contido o Sagrado Coração de Jesus, o Esposo amoroso da tua e da minha alma. Amem.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
V/. Santa Cecília, Virgem e Mártir de Jesus Cristo,
R/. Roga por nós.
1º Dia: Cecília, abraça a virgindade por amor do Reino dos céus
Santa Cecília nasceu no início da segunda metade do século II, em Roma, filha de um Senador Romano, da família nobre dos Metelos. Era cristã, fé que recebeu de seus pais, e desde pequena fez voto de castidade para viver em virgindade a sua entrega a Cristo.
São Paulo exorta os solteiros à virgindade consagrada, caminho que ele próprio seguiu em conformidade com o dom que lhe foi concedido, vocação que lhe permitiu viver unido a Cristo de coração indiviso, numa maior liberdade para o serviço dos irmãos (cf 1ª Cor.7, 7-8).
A união com Cristo, que é o centro de toda a vida cristã, prevalece assim, claramente, quer sobre os laços familiares, quer sociais. A virgindade por amor do Reino dos céus, foi amada pelos fiéis e vivenciada por muitos deles, desde os primórdios da Igreja. Homens e mulheres renunciaram ao grande bem do matrimónio, para seguirem o Cordeiro aonde quer que Ele vá, para cuidarem das coisas do Senhor, para procurarem agradar-Lhe, para saírem ao encontro do Esposo que vem (cf.CIC, n. 1618).
O próprio Cristo convidou alguns a seguirem-nO neste modo de vida, do qual Ele próprio é modelo: “Há eunucos que nasceram assim do seio materno; há os que foram feitos eunucos pelos homens; e há os que assim mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder entender, entenda!” (Mt 19,12).
Cecília, mulher de ideais elevados, seguiu este caminho da entrega a Cristo por inteiro. Os seus pais não entenderam a escolha de sua filha, porém ela preferiu Cristo a seus pais.
Propósito deste dia da novena:
Se o Senhor te favoreceu com a graça da virgindade por amor do Reino dos céus, dá graças a Deus! Hoje não te esqueças de rezar pela perseverança dos consagrados que pessoalmente conheces. Lembras-te dos seus nomes?
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2º Dia: Cecília faz penitência para a atingir a perfeição cristã
Já o sabemos, Santa Cecília pertencia a uma família patrícia de Roma, e nela foi educada na fé cristã. Porém, enquanto os seus pais pretendiam conciliar a sua fé com uma vida mundana e, bem assim, conservar hábitos pagãos, Cecília procurava viver de forma radical a novidade do reino anunciado por Jesus e n’Ele tornado presente. Mortificava-se com frequência com jejuns e usando o cilício. Isso mesmo foi confirmado pelo cardeal Paolo Sfondrati, quando, no ano 1599, aquando do restauro da basílica de Santa Cecília, ordenou a reabertura do túmulo da Santa e verificou que o seu corpo permanecia incorrupto passados 1500 anos sobre a data do martírio.
Na ocasião, querendo recolher uma relíquia do vestido de Santa Cecília, deu-se conta que, por debaixo do vestido havia uma peça de vestuário feito em tela muito áspera, com nós a ela pregados, que certamente, lhe serviam de cilício. Ou seja, sob os vestidos lindíssimos, próprios da sua condição social de grande senhora romana, permanentemente se penitenciava com o cilício. Ainda mais importante que os jejuns e o cilício, foi ter consagrado a Deus a sua virgindade.
“O caminho da perfeição cristã passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual. O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças” (CIC, n. 2015).
Propósito deste dia da novena:
Concretiza um gesto de mortificação e oferece-o pela conversão dos pecadores.
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3º Dia: “Quem amar o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim"
(Mt 10, 37)
Os pais de Cecília, embora cristãos, seguiram os costumes sociais da época e, sem que a filha soubesse, prometeram-na em casamento a um jovem patrício romano chamado Valeriano. Embora Cecília lembrasse aos pais que, por chamamento divino e pelo voto que fizera, estava por inteiro entregue a Cristo, seu divino Esposo, a vontade dos pais prevaleceu, tornando-se inútil qualquer resistência. Assim, foi marcada a data do casamento e tudo parecia conjugar-se para que, naquele dia, a festa fosse imponente.
O Concílio Vaticano II chamou a família de “igreja doméstica” e “primeiro seminário da vocação”, e nela os pais têm a missão de, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e tudo fazer para que cada um corresponda à sua própria vocação própria de cada um, especialmente a vocação sagrada. Neste sentido é muito importante a oração familiar. O Papa Francisco ensina que a oração e a vocação caminham juntas: “É importante ter uma relação quotidiana com Deus, ouvi-lO em silêncio diante do Tabernáculo e no íntimo de nós mesmos, falar-lhe, receber os sacramentos. Manter esta relação familiar com o Senhor é como deixar aberta a janela da nossa vida, a fim de que Ele nos faça ouvir a Sua voz, indicando o que Ele deseja de nós”.
Na verdade, a felicidade própria depende do “sim” à vocação divina, ainda que esse “sim” contrarie os planas dos pais para os filhos… Não queriam os pais de Cecília que ela fosse feliz? Certamente queriam, mas agiram como se fossem donos da filha. Aqueles que são pais devem meditar nos nn. 2222 e 2223 do Catecismo da Igreja Católica: “Os pais devem olhar para os seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas […] Devem acolher e respeitar, com alegria e ação de graças, o chamamento que o Senhor fizer a um dos seus filhos, para O seguir na virgindade pelo Reino, na vida consagrada ou no ministério sacerdotal”.
Propósito deste dia da novena
Promove hoje, na tua família, um tempo de oração. Se tal não for possível pelas famílias cristãs, para que sejam aquilo que devem ser: “igreja doméstica” e “primeiro seminário da vocação”.
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4º Dia: Cecília vive uma fé forte e coerente
Ao contrário da fé dos pais, uma fé “light” caldeada na mundanidade do socialmente correto, a fé de Cecília move montanhas… Natural de Roma, bebeu-a dos discípulos de São Paulo que levou a fé até Roma e de São Pedro o primeiro Papa. A vida cristã de Cecília fortaleceu-se com o testemunho dos mártires, dos heróis da fé. Ela fez parte de uma Igreja perseguida, minoritária, porém, cheia de profunda fé, esperança e coragem.
A nossa fé é bem mais frágil, comparada com a fé de Santa Cecília. Por isso devemos pedir a Deus que aumente a nossa fé. Seguindo, aliás, o exemplo dos Apóstolos que pediram a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5). Sim, Senhor, a nossa fé é pequena, a nossa fé é fraca, frágil, mas nós, como ela é, a colocamos em Tuas mãos, para que, Senhor, a faças crescer. Senhor, aumenta em nós a fé, fá-la crescer! E Jesus que, nos dirá? “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela obedecer-vos-á" (Lc, 17, 6).
Todos conhecemos pessoas simples, humildes, mas com uma fé fortíssima, que verdadeiramente move montanhas! Como a fé de Cecília! Cristãos, homens e mulheres, que vivem a sua fé no meio de grandes perseguições. Continua a haver muitos mártires, não o esqueçamos… mas, mesmo sem ir até ao derramamento do sangue, quantas mães e quantos pais não são quotidianamente postos à prova na sua vida, em situações muito complicadas que enfrentam na força da fé? Que dizer de tantos doentes… apesar do seu débil estado de saúde, transmitem serenidade e animam quem os visita! Gente que, precisamente pela vitalidade da sua fé, não se vangloria daquilo que faz, antes, como pede Jesus no Evangelho, dizem: “Somos servos como quaisquer outros. Fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 10).
Como conseguem eles a convicção no testemunho da fé, a coragem para partir para as missões e a alegria na provação? Como conseguiremos nós, também, chamados à coerência da fé e ao anúncio corajoso do evangelho, a tempo e fora de tempo? Esta força nós a conseguimos de Deus, na oração. Diz o Papa Francisco: “A oração é a respiração da fé: numa relação de confiança, numa relação de amor, não pode faltar o diálogo, e a oração é o diálogo da alma com Deus".
Propósito para este dia da novena
A fé, precisamos também de a cultivar pelo estudo. Estamos no início de um novo Ano Litúrgico… deite contas à vida e veja as possibilidades de frequentar com regularidade uma das propostas de formação que a sua Paróquia lhe oferece.
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5º Dia: Cecília, aberta ao Espírito, rezava com o coração
Tanto na Igreja ocidental, como na oriental, é grande a veneração por Santa Cecília, cujo nome figura no chamado “cânon romano”, uma das orações eucarísticas previstas no Missal. A antífona do ofício da sua festa é tirada das atas do martírio de Santa Cecília: “Senhor, guardai sem mancha meu corpo e minha alma, para que não seja confundida”. Súplica que Cecília terá elevado aos céus nos festejos do seu casamento.
Cecília levou a sério aquela palavra de Jesus: “Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo, 15, 5). Por isso, naquela altura de tamanha provação, através da oração insistente procurou uma forte comunhão de vida com Jesus. Os pais não aceitavam a sua vocação, arranjaram-lhe um noivo e prepararam uma festa de casamento de sonho. Por outro lado, Cecília não sabia como o noivo, um pagão, iria reagir ao seu propósito de permanecer virgem. Nesta aflição, quem lhe poderia valer, senão Jesus?
No dia da festa de casamento, enquanto os músicos tocavam e os convidados se divertiam, Cecília cantava a Deus em seu coração, pedindo-Lhe que a ajudasse. Quando ficou a sós com Valeriano, com uma coragem que só podia vir do Alto, contou-lhe o seu propósito de permanecer virgem e pediu-lhe que fosse batizado, pois só acolhendo a graça batismal poderia perceber o voto que ela tinha feito. Imediatamente Valeriano se dispôs a receber o Batismo e ele próprio foi pedir ao bispo Urbano, que costumava andar entre os pobres, que o batizasse a ele e ao seu irmão Tibúrcio. Cecília cantava, cantava em seu coração agradecido! Quando Valeriano voltou para onde estava Cecília, viu um anjo parado ao lado dela. O anjo colocou uma grinalda de rosas e lírios nas suas cabeças.
Por esta comunhão de vida com Jesus, fruto da oração, Cecília, aquela menina de aspeto frágil, encontrou ânimo para sepultar Valeriano, Tibúrcio e Máximo, um cortesão que, ao ver a coragem dos dois amigos, se declarou cristão, sendo com eles decapitado no local chamado Pagus Triopius, a seis quilómetros de Roma. Na oração arranjou força para ela própria suportar o martírio.
Quando o carrasco foi chamado para lhe decepar a cabeça, perturbado por ela ser uma mulher tão jovem e bela, não conseguiu cortar-lhe a cabeça com os três golpes prescritos pela lei. Fugiu, deixando a santa no pavimento de seu banheiro, viva e totalmente consciente, com a cabeça cortada pela metade. Deitada para o lado direito, com as mãos cruzadas em oração, ela voltou a sua cabeça para o chão e continuou a rezar na mesma posição, por três dias e três noites.
Santa Cecília rezava como o Papa Francisco nos ensina a rezar: Quando rezamos, tudo adquire “profundidade”, adquire peso, como se Deus a tomasse nas Suas mãos aquilo que pedimos. O pior serviço que pode ser prestado, a Deus e também ao homem, é rezar com tédio, papagueando palavras… Rezar como papagaios, não. Reza-se com o coração!
Propósito para este dia da novena
Rezar o Magnificat, também conhecido como Canção de Maria ou Canto de Maria (Lucas 1:46-55):
«A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na sua humilde serva: de hoje em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome.
A sua misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre».
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amem.
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6º Dia: O testemunho de Santa Cecília exorta-nos à partilha de bens
Diz o Papa Francisco: “Muitas vezes distingue-se entre os que têm uma forte espiritualidade e aqueles que se concentram na questão social, com a agravante de se apontar uma oposição entre as duas dimensões. São Francisco põe a nossa mente no Céu e os nossos pés no chão… Ele ensina-nos a amar Jesus e os pobres”.
Turco Almaquio, prefeito de Roma, ao ter conhecimento de que Valeriano e Tibúrcio tinham sido batizados, citou-os perante o tribunal e exigiu que abandonassem a religião que tinham abraçado. Ambos recusaram tal exigência, pelo que foram condenados à morte e decapitados.
Cecília, por ter sepultado os seus corpos e, por esse “crime”, teve que escolher entre sacrificar aos deuses pagãos e enfrentar a morte. O implacável juiz começou por intimá-la a revelar onde se achavam escondidos os muitos bens dos dois sentenciados. Cecília respondeu-lhe que os sabia bem guardados. Na verdade, estavam bem guardados… já tinham sido distribuídos pelos pobres, decisão tomada por Valeriano e Tibúrcio logo que foram condenados.
A atitude de Cecília enfureceu Almaquio que a condenou a ser asfixiada no caldário (caldarium, em latim) do seu próprio palácio, já que, pela sua nobreza e juventude seria preferível executá-la em segredo. A tentativa durou um dia completo sem que ela sofresse qualquer dano, pelo que foi mandado a um soldado que a decapitasse. Golpeada mortalmente, permaneceu prostrada por terra durante três dias, que aproveitou para rezar e dar bons conselhos a quem dela se aproximava. Visitada pelo bispo Urbano, encarregou-o de distribuir parte dos seus bens pelos empregados e de entregar o seu palácio ao Papa, a quem doou também um amplo terreno para o serviço da Igreja.
Acredita-se que a Basílica de Santa Cecília, no Trastevere em Roma, que data do século V, tenha sido construída no local onde se situava a mansão de sua família. A segunda capela, na nave lateral à direita, teria sido o caldário. Aí foram encontrados os restos de uma antiga banheira romana; os canais que transportavam a água aquecida, estão preservados. O terreno tornou-se cemitério de São Calisto, onde foi enterrada a doadora, perto da cripta fúnebre dos Papas, juntamente com os três jovens que, após sofrerem o martírio, ela própria tinha sepultado: Valeriano, Tibúrcio e Máximo. É provável que todos estes factos tenham acontecido entre os anos 176 e 180, no pontificado do Papa São Eleutério, nos últimos anos de governo do imperador Marco Aurélio.
Propósito para este dia da novena
Sozinho ou com um grupo de amigos organiza uma caritativa.
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7º Dia: Cristo coroou com muitas conversões o apostolado de Cecília
Ide pelo mundo inteiro e anunciai a boa nova a toda a criatura. […] E eles partindo, foram pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam” (Mc 16, 15.20).
Cecília, alma apostólica! A tempo e fora de tempo anunciou o Evangelho de Cristo. Quantos milagres o Senhor não realizou!!! O milagre da conversão de Valeriano… quanto respeito, mas também quanta firmeza no anúncio ao que lhe havia sido dado por marido. Valeriano, vivamente impressionado com o testemunho de Cecília, converteu-se e recebeu o batismo naquela mesma noite.
Valeriano, por sua fez, anunciou Cristo ao seu irmão Tibúrcio, e este, também tocado pelo testemunho do irmão, converteu-se e foi batizado. Ambos eram pagãos, tal como seu amigo Máximo que se recusou a adorar os ídolos e aceitou a fé cristã. Quantos milagres!
Valeriano, por amor respeitou o voto de castidade de Cecília e, por isso, ambos concordaram em não consumar o casamento. Cecília retribuiu o amor de Valeriano despertando nele a fé em Jesus, que o levou ao martírio e a alcançar a salvação. Que maior prova de amor num casal, que este desejo de ajudar o outro cônjuge a ser santo?
Cecília, Valeriano e Tibúrcio, catequisados pelo bispo Urbano, que vivia entre os pobres de Roma, distribuíram os bens materiais pelos pobres e pela Igreja, exercitando assim a virtude da caridade. Mas exerceram a caridade também através do apostolado… haverá maior bem feito em favor dos irmãos que levar-lhes a boa nova de Jesus Cristo?
Cecília escolheu, como campo prioritário do seu apostolado, os que estavam mais próximos. Certamente, não esqueceu os seus pais que, instigados pelo demónio, tiveram a pretensão de contrariar a vocação de sua filha. Embora a história não o refira, tudo leva a crer, pelo fio condutor da vida de Cecília, que esta lhes perdoou e, com o seu testemunho, os levou a viver com maior coerência a fé cristã que eles já professavam. Se assim não fosse, Cecília não poderia ter doado à Igreja, quer o palácio da família, quer aquele enorme terreno que serviu de cemitério a milhares de cristãos, as catacumbas de São Calisto.
Embora o prefeito de Roma se tivesse esforçado no sentido de ser discreto sobre o martírio de Cecília, os cristãos de Roma não falavam de outra coisa. Também muitos pagãos renunciaram aos ídolos e aceitaram Jesus Cristo, graças ao testemunho e, certamente, à intercessão de Santa Cecília. O bispo Urbano, de uma só vez, naquele local, que viria a ser a basílica de São Cecília no Trastevere, batizou 400 romanos.
Propósito para este dia da novena
Como vai a vida cristã dos teus familiares e amigos mais próximos? Pensa no que podes fazer para que, daqueles que o Senhor pôs no teu caminho, nenhum se perca.
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8º Dia: Cecília, até na morte dá testemunho da sua fé trinitária
Santa Cecília foi sepultada na catacumba de São Calisto. As diversas invasões dos godos e lombardos fizeram com que os Papas da época decidissem transladar muitas relíquias de santos para igrejas de Roma, mas o túmulo de Santa Cecília tardava em ser encontrado… até que a Santa, numa aparição ao Papa Pascoal I (anos 817-824) lhe revelou onde se encontrava o caixão de cipreste que guardava as suas relíquias.
O corpo foi encontrado intacto e na mesma posição em que tinha sido sepultado. O caixão de cipreste com o corpo incorrupto da mártir foi então colocado num ataúde de mármore e depositado no altar de Santa Cecília. Em 1599, por ordem do Cardeal Paolo Sfondrati, o túmulo foi reaberto e o corpo de Santa Cecília corpo encontrado ainda tal e qual a descrição do Papa Pascoal. O escultor Stefano Maderno (1576-1636) que assim o viu, reproduziu em finíssimo mármore, em tamanho natural, a sua imagem. Nela se pode ver a posição dos seus dedos, três estendidos na mão direita e um na esquerda, constituem a última e silenciosa profissão de fé de Santa Cecília na Santíssima Trindade.
Santa Cecília, como nós, acreditou nesta verdade fundamental da nossa fé que o IV Concílio de Latrão, no início do século XIII, definiria do seguinte modo: “Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável, Pai e Filho e Espírito Santo. Três Pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou natureza absolutamente simples”.
Propósito deste dia da novena
Benze-te: Em nome do Pai ✞ e do Filho ✞ e do Espírito Santo. Amem. Faz um ato de fé na Santíssima Trindade.
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9º Dia: Cecília exala o bom odor de Cristo
“Incessantemente dou graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e que por nosso meio faz sentir em todos os lugares o odor do Seu conhecimento. Somos para Deus o bom odor de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2 Cor, 2, 14-15).
Na história da Igreja, Cecília, a padroeira dos músicos, foi a primeira santa cujo corpo permaneceu incorrupto. Quando no ano 1599, o caixão de cipreste, colocado dentro do túmulo de mármore do altar mor da basílica de de Santa Cecília, foi aberto, verificou-se que o corpo continuava incorrupto, mantendo-se como estava quando o caixão foi encontrado no tempo do Papa Pascoal I, em 822, cerca de seiscentos e cinquenta anos após o martírio.
A exumação realizada em 1599, mandada pelo cardeal Paolo Emilio Sfondrati, é uma das mais bem documentadas. O cardeal mandou que se abrisse o sarcófago na presença de testemunhas idóneas, mas reservou para si – e executou-a com compreensível comoção - a tarefa de levantar a tampa do caixão, deixando à vista “o tesouro” que havia sido guardado pelo Papa Pascoal. Os restos mortais, em excelente estado de conservação, foram encontrados na mesma posição em que a santa tinha morrido, quase 1500 anos antes.
A urna da santa foi colocada numa sala situada na parte de cima da nave da basílica, esplendidamente decorada com candelabros, belas lamparinas e flores de prata e ouro. A preciosa relíquia podia ser venerada através de uma janela com grades. Acontece que, entretanto, o santuário foi inundado de um misterioso e agradável odor de rosas que procedia do caixão.
Por ordem do Papa Clemente VIII, a relíquia foi deixada exposta ali até a festa de Santa Cecília, no dia 22 de novembro, sendo venerada por uma multidão de fiéis. Passado o dia da festa, a relíquia passou do caixão de cipreste para um caixão de prata, oferecido pelo próprio Papa como símbolo de sua veneração pela santa mártir. Na presença de 42 cardeais e representantes diplomáticos de vários países, o Papa celebrou uma Missa Solene durante a qual o corpo da santa foi novamente depositado sob o altar principal.
Corpo incorrupto e odor de santidade: dois sinais indicativos da santidade de Santa Cecília; não, é óbvio, uma prova científica… A santidade, conceito teológico e espiritual, não pode ser demonstrada.
Propósito deste dia da novena
A matéria do sacramento da confirmação é “o santo crisma”, uma mistura de azeite com perfume de nardo, consagrado em cada ano, pelo bispo, na missa crismal. Já foste crismado? Então já foste ungido com o “santo crisma”… No teu dia a dia como exalas tu para o mundo o bom odor da tua pertença a Jesus Cristo?
Ladainha a Santa Cecilia
Santa Cecília, filha dileta da Mãe de Deus,
Santa Cecília, virgem sábia e prudente,
Santa Cecília, em cujo coração ardia o fogo do amor divino,
Santa Cecília, cheia de zelo e de caridade,
Santa Cecília, que converteste o teu esposo que alcançou a coroa do martírio,
Santa Cecilia, que com o teu testemunho tocaste o coração dos pagãos e os conduziste à Igreja verdadeira,
Santa Cecília, que não cessavas de contemplar o anjo da guarda ao teu lado,
Santa Cecília, que juntaste a voz às melodias celestiais das virgens,
Santa Cecília, que com cânticos melodiosos celebraste os louvores de Jesus,
Santa Cecília, ilustre mártir de Jesus Cristo,
Santa Cecília, que durante três dias sofreste atrozes tormentos,
Santa Cecília, consolo dos aflitos,
Santa Cecília, protetora de todos os que te invocam,
Santa Cecília, inspiradora da música sagrada,
Santa Cecília, patrona especial e defensora de todos os cantores, músicos, autores e estudantes,
roga por nós
Oremos a Santa Cecília
Oh Santa Cecília, Deus deu-te o poder de seres uma minha excelente protetora, ajuda-me a viver neste mundo como tu viveste, em inocência e na santidade, a fim de que um dia chegue à terra da bem-aventurança e, lá, contigo, possa louvar e bendizer, por toda a eternidade a Santíssima Trindade. Amem.
V/. Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
R/. Para sempre seja louvado e Sua Mãe Maria Santíssima.
Cónego Armando Duarte
Basílica dos Mártires, Memória de São Filipe Neri 2021