Leitura do Livro do Profeta Isaías (Is 58, 7-10)

Ideia principal: Interpelado pelo desafio do “Reino”, o cristão procura “ser luz” que ilumina o mundo, isto é, deve comprometer-se com a justiça, com a paz, com a partilha, com a fraternidade.
- Os capítulos 56 a 66 do Livro de Isaías, constituem o chamado “Trito-Isaías” que reúne profecias de vários profetas da época do pós-exílio, dos finais do séc. VI, ou início do séc. V. a.C. O cap. 58, donde é tirada a 1a Leitura deste domingo, terá como autor alguém ligado ao partido Levítico, gente que permaneceu em Jerusalém durante o exílio, com uma visão mais democrática, isto é, menos oficial e legalista, da fé.
- O profeta faz a denúncia de um culto vazio e estéril, que cumpre as normas, mas não sai do coração e está desligado da vida. No trecho que lemos, “jejum” é a palavra-chave. O povo continuava a observar os dias de jejum inscritos no calendário, mas tinha perdido a memória das razões por que jejuava, ou seja, o jejum tornou-se uma prática formalista. O jejum que agrada a Deus, tem em vista restabelecer a justiça divina.
- A justiça querida por Deus consiste em partilhar com os que não tem alimento, nem agasalhos, nem casa, e a estar atento aos que requerem a nossa atenção e companhia. Assim se curam as feridas sociais e resplandece a justiça e a glória de Deus. Nos vv 9-10, o profeta aponta outra característica do verdadeiro jejum: pôr termo a toda arrogância, origem de tantas humilhações, injustiças e discriminações.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Ó Cristo, Tu és a Verdade, e sempre nos desafias a ser verdadeiros, autênticos, coerentes, também na prática cultual. A liturgia, queremo-la solene e bela. Porém, algumas vezes, embora nos encha o olho, permanece estéril e vazia. Que a minha oração pessoal e comunitária se traduza no louvor que Te agrada e se manifeste em gestos de partilha, de fraternidade, de libertação. Senhor, que eu seja luz para o mundo!!! Amem.

LEITURA I – Is 58, 7-10

Eis o que diz o Senhor:
«Reparte o teu pão com o faminto,
dá pousada aos pobres sem abrigo,
leva roupa ao que não tem que vestir
e não voltes as costas ao teu semelhante.
Então a tua luz despontará como a aurora
e as tuas feridas não tardarão a sarar.
Preceder-te-á a tua justiça
e seguir-te-á a glória do Senhor.
Então, se chamares, o Senhor responderá,
se O invocares, dir-te-á: “Aqui estou”.
Se tirares do meio de ti a opressão,
os gestos de ameaça e as palavras ofensivas,
se deres do teu pão ao faminto
e matares a fome ao indigente,
a tua luz brilhará na escuridão
e a tua noite será como o meio-dia».